Resiliência familiar
- rosanevellosopsi
- 10 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2020
A vida familiar mudou muito nos últimos anos. Quando a família se encontra num momento de crise, precisa-se mais do que nunca, entender e encorajar os processos que estimulam os relacionamentos.
Uma abordagem baseada na resiliência tem como objetivo identificar e fortalecer processos de interação fundamentais, que capacitem as famílias a resistir e se recuperar depois de crises e desafios.

Foto de Vlada Karpovich no Pexels
Cada vez mais a resiliência é considerada como uma característica da saúde mental. Seu papel é desenvolver a capacidade humana de enfrentar, vencer e sair de situações adversas e transformadoras.
Segundo Yunes (2006) a resiliência surge como um constructo que aponta para um novo modelo de compreender o desenvolvimento humano, ou seja, pela dimensão da saúde e não da doença. Na perspectiva da resiliência, as famílias deixam de ser vistas como uma entidade danificadora para serem olhadas como grupos capazes superar as adversidades, reafirmando suas possibilidades de reparação.
As pesquisas deram origem a resiliência familiar, em que a teoria sistêmica e a teoria do estresse, do enfrentamento e da adaptação, foram fatores fundamentais para a consolidação do conceito.
Walsh (1998) abordou o conceito de resiliência familiar como:
“um processo que compreende a avaliação compartilhada entre os membros da família de eventos estressores e situações de risco, com base em crenças e na visão de mundo, somando a isso a existência de outros eventos estressores provenientes do ciclo vital e do contexto, e a tomada de decisões e utilização dos recursos disponíveis internos (da família) e externos (da comunidade). Tal processo não se interrompe no enfrentamento das situações estressoras, mas prossegue após, com as modificações que esse enfrentamento traz, particularmente aos membros da família e a ela como um todo”.
A maneira como uma família enfrenta e lida com uma experiência difícil, influenciará a adaptação imediata e a longo prazo de todos os membros da família e a própria sobrevivência e o bem-estar da unidade familiar.
Uma visão sistêmica da resiliência é importante para ajudar as famílias a enfrentarem e se adaptarem às crises e adversidade.
De acordo com os ensinamentos de Walsh (2005), o atendimento terapêutico às famîlias em crise com base na resiliência, está fundamentada num conjunto de convicções sobre o potencial familiar que molda toda a intervenção. É encorajada a colaboração entre os membros da família, permitindo-lhes construir uma competência nova e renovada e uma confiança compartilhada em que possam se apoiar ao enfrentar situações difíceis.
Para o fortalecimento da resiliência na família, o estudo do bem estar subjetivo tem grande importância pois, através de atividades intencionais específicas, objetiva o aumento do nível de felicidade e de satisfação com a vida.
Diener (2002), considera o bem-estar como a avaliação subjetiva da própria situação no mundo. Envolve a experiência do prazer e a apreciação das recompensas da vida. A partir dessa visão, Diener define o bem-estar subjetivo como: “uma combinação de afeto positivo e satisfação geral com a vida , usando-a como sinônimo de felicidade”.
Seligmam (2002) afirma que o tratamento psicológico não deve apenas consertar o que há de errado ou doente, mas identificar, nutrir e fortalecer aquilo que existe de melhor nas pessoas. Sugere que , a partir da felicidade resultante do uso de nossas qualidades psicológicas, se pode construir uma vida prazerosa e dotada de sentido.
Segundo estudos realizados por Lyubomirsky e col. (2008), a genética responde por 50% da variância na população em termos de felicidade, ao passo que as circunstâncias de vida (sejam boas ou más) e a atividade intencional (tentativas de viver de forma saudável e de fazer mudanças positivas) respondem por cerca de 10% e 40% da variância na população em termos de felicidade, respectivamente. Esse modelo reconhece que componentes de felicidade não podem ser mudados, mas deixa espaço para a vontade e objetivos autogerados que levam a obtenção de prazer, sentido e boa saúde.
Umas das técnicas proposta pela Psicologia Positiva que poderia ser utilizada na terapia de família, seria a potencialização das emoções positivas. Aplicando-se essa técnica em cada membro da família, acredita-se que haverá um aumento no nivel de bem estar e de qualidade de vida.
Rosane Velloso
Psicóloga clínica
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